quarta-feira, 2 de julho de 2014

Resenha - O quarto fechado


Alguns livros são tão bons que qualquer palavra dita além dele, é desnecessária. Assim acontece com O quarto fechado(Siciliano, 1984, 133 p.), da autora brasileira Lya Luft. Apesar de suas poucas páginas, demorei um bom tempo pra ler (cerca de uma semana), pela sua escrita densa e cheia de significados. Sua história gira em torno do falecimento de um dos filhos de Renata, a personagem principal. Camilo (o filho falecido) é gêmeo de Carolina. Renata é uma mulher um tanto agressiva com a vida: amarga, carrega mágoas passadas, sofre com o amor que não consegue dar a ninguém - somente ao piano que não toca há anos. Camilo e Carolina têm uma relação um tanto estranha: é como se ao nascer tivessem sido separados, sendo antes um único ser.

Se no parágrafo anterior falei somente sobre personagens e sobre nada da história do livro, é isto mesmo que você encontrará. Histórias de personagens. Cada um com suas preocupações, suas paranoias, suas esquisitices, comuns de todo ser humano. É um livro tocante, verdadeiro, real, e tão real a ponto de dar vergonha. A cada frase, Lya resume em pouquíssimas palavras sensações que temos, aquelas bem do fundo da alma, que temos vergonha de confessar a qualquer pessoa.

Comparada a Clarice Lispector muitas vezes, a autora gaúcha é uma das mais femininas da atualidade (femininas, e não feministas), e fala com propriedade de temas tabus. Autora de vários romances, livros de contos e colunista da revista Veja, Lya, para mim, é a autora mais espetacular ainda viva.

Título: O quarto fechado
Autor: Lya Luft
Editora: Siciliano
Páginas: 133



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