domingo, 16 de novembro de 2014

Resenha - A menina que ouvia demais

Hoje vim falar do último livro juvenil que li, chamado A menina que ouvia demais (Multifoco, 2014, 181 p.). Ele foi escrito pelo meu primo, Maurício Kanno.
A história se passa num futuro - acredito que - não muito distante, onde o narrador de um livro passa a ser ouvido por sua personagem principal, Isa. O narrador Bóris então começa a achar que está ficando totalmente maluco, afinal, como uma personagem que ele próprio está desenvolvendo, pode estar escutando a vida do outro lado do papel? Pra piorar a situação, Isa é uma pré-adolescente, então está naquela fase chatinha, de que todos devem concordar com sua opinião - e dá pitado em tudo. Para amenizar isso, Bóris começa a enchê-la de brigadeiros. Tudo para que a personagem fique quieta em seu canto, e a história possa ser escrita com maior tranquilidade. Acontece, que o chefe de Bóris pensa que o homem está maluco, e o próprio narrador também começa a acreditar nisso - procurando até mesmo um psiquiatra! O desenrolar da história se dá através de intensos diálogos, entre o narrador, Isa, e capítulos que contam sonhos que a personagem principal vêm tendo: uma vida futura, com ela já bem velhinha, tendo que lidar com monstros esquisitos.
A ideia do livro é bem interessante, bem maluca haha Minha mente entrou em transe em vários momentos. A leitura torna-se bem fluida pela quantidade de diálogos e pelas poucas descrições que temos do ambiente. Maurício é bem objetivo na história e não prolonga coisas irrelevantes. O que achei o ponto alto da história é a interação que temos com a comunicação ao nosso redor. Hoje temos tantos meios de comunicação - TV, rádio e principalmente internet -, onde tudo acontece de uma forma tão rápida, tão dinâmica, que muitas vezes podemos mesmo imaginar que estamos pirando. Prepare-se para ler este livro, que seu cérebro pode bugar haha
Título: A menina que ouvia demais
Autor: Maurício Kanno
Editora: Multifoco
Páginas: 181

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Resenha - Silêncio

Olá, bom dia! Tudo bem aí?!

Pedi para vocês escolherem no Facebook do Bibliotecária Leitora qual livro deveria resenhar... E ganhou por um voto o livro Silêncio: doze histórias universais sobre a morte, de Ilan Brenman e Heidi Strecker, lançado pela Companhia das Letras (2012, 112 p.). Eu comprei este livro naquela promoção que teve da Editora Companhia das Letras, para o dia das crianças, sendo que vários livros infanto-juvenis estavam com 50% de desconto. Peguei ele e mais três. Este foi o último, para cobrir o frete rs Fiquei curiosa por causa do título e pela capa, que achei bem bonita.


Silêncio reconta doze histórias, lendas e mitos de várias épocas e regiões do mundo, como Índia, Egito Antigo, Brasil e Grécia Antiga. O livro é dividido em três partes: A busca da imortalidade, onde traz histórias de homens que tentam a vida eterna, com uma pequena ajuda dos deuses; Amores que nunca morrem, com histórias famosas, como a de Tristão e Isolda; e Morte e Renascimento, que traz lendas de mortais que enfrentaram grandes perdas, com a esperança de que tudo iria voltar a ficar bem. A publicação teve o apoio de 4 Estações Instituto de Psicologiaque é um Instituto que ajuda pessoas (incluindo crianças e adolescentes) a conviver com a morte (e a vida, de certa forma), de forma sadia, sem receios, mas com sabedoria e coragem. São quatro psicólogas responsáveis por esta função, sempre tendo fundamentação em princípios de Psicologia da Saúde e e Psicologia Clínica.

As histórias são interessantes, apesar de eu achar algumas inapropriadas para crianças (por conterem "cenas" de sexo). Boa parte são histórias que já conhecemos ou que foram retiradas de poemas também já conhecidos. Alguns desses contos achei bem cansativos, talvez pelo modo como eram contados. É interessante para jovens em idade escolar.

Título: Silêncio: doze histórias universais sobre a morte
Autor: Ilan Brenman e Heidi Strecker
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 112


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Cartas, cartas, cartas...


Parece redundante dizer que escrever cartas não é comum nos dias de hoje. Afinal, com a infinita tecnologia que nos cerca, é difícil pensar em alguém escrevendo e postando uma carta. Mas, isso existe!

Logo que me vi interessado por esse livro, pensei: Porque uma pessoa escreve cartas? Que sentido a escrita, como prática e costume, tem para essa pessoa? São perguntas intrigantes que, ao longo da leitora, foram respondidas, creio eu.

Cartas de amor aos mortos, de Ava Dellaira é um romance epistolar, ou seja, formado por cartas escritas pela protagonista Laurel para personalidades do mundo pop que já se foram. Estrelas como Judy Garland, Elizabeth Bishop, Kurt Cobain, River Phoenix, Amélia Earhart, Amy Whinehouse entre outros são os destinatários das cartas da personagem que, fazendo seu trabalho de Inglês, consegue desabafar sobre o incidente com sua irmã May.

Desde o primeiro contato com o texto, percebemos uma linguagem bastante suave e delicada. São frases curtas e com palavras fortes em seu sentido, o que faz uma tradução competente na escolha dos termos adequados de um produtor de texto adolescente.

Isso faz com que a oralidade seja uma característica bastante pontuada pela caracterização dos personagens nos diálogos entre intervalos e os encontros no beco próximo à escola. Hannah, Natalie, Sky e outros personagens foram um quadro de um típico romance YA (young adult, ou jovem adulto – infantojuvenil) com tramas que se passam com adolescentes na escola ou com problemas com a família, como neste caso.

Um ponto forte e bem trabalhado neste livro é a forma como a autora vai expondo o trauma sofrido pela protagonista. O ato de contar os fatos ocorridos com sua irmã mais velha faz de Laurel uma adolescente obcecada por seus gostos e hábitos. Não me intrometo a contar o que realmente aconteceu, mas acredito que um leitor esperto o suficiente consegue juntar as pistas deixadas pelas cartas da protagonista e entendê-la de uma forma mais humana.

Infelizmente, o livro tem alguns pontos a desejar como rodear o mesmo assunto várias vezes, caracterizar exaustivamente o comportamento e apelar para um clima piegas de um romance que mal começou a engatinhar, como Laurel e Sky.
É um livro bastante encorajador na forma de tratamento de um tema profundo em termos psicológicos: o luto. A perda de alguém querido é um sentimento bastante sofrido e acredito que a escrita das cartas é uma forma de lidar com esse impasse da condição humana.

Título: Cartas de amor aos mortos
Autor: Ava Dellaria
Editora: Seguinte
Páginas: 337


terça-feira, 11 de novembro de 2014

O que seria da vida sem livros?


Realmente existem livros que nos inspiram. Uma lista de clássicos nacionais e estrangeiros pode ilustrar isso. Mas, por incrível que pareça, os livros de hoje podem nos dizer (e muito!) sobre os valores que eles – os próprios livros – têm a nos transmitir.

Claro que não é novidade o fato de livros falarem sobre livros. Pois bem, recentemente me deparei – na Bienal do Livro deste ano, diga-se de passagem – com uma capa, no mínimo, elegante. Vários livros abertos e preenchidos em tons pastel com a frase: “Nenhum livro é uma ilha; Cada livro é um mundo”. Claro! É de A vida do livreiro A.J. Firkry, de Gabrielle Zevin que estou falando.
Primeiro o enredo: numa ilha chamada Alice Island vive A. J., um livreiro carrancudo e solteiro que mora no andar de cima de sua livraria e, espantosamente, não é muito educado com seus clientes e representantes de editoras.

Um dia, ao deixar a porta destrancada (isso pode ser um spoiler, ok?) um bebê é deixado entre as estantes de sua livraria e mais: seu exemplar raro de Tamerlane - um livro raro de Edgar Allan Poe – foi roubado. A partir deste ponto, a vida deste homem muda completamente com a adoção da pequena Maya. Anos depois, com a filha doente, o livreiro se distrai ao lado da cama com o exemplar deixado por uma amável representante: Amélia. A leitura do livro faz com que o protagonista se interesse pelo gosto da moça, o que desencadeia uma serie de sentimentos no livreiro.

De ponta a ponta no livro, convivemos com o dia-a-dia de uma livraria bastante convencional de uma cidade pequena, com seus clubes do livro, os hábitos de seus clientes e eventos um tanto estranhos, como a presença de autores excêntricos.

Infelizmente, lamento por alguns nós desta edição: a revisão deve ser realmente refeita. São erros bastante comuns, como vírgulas fora de lugar, tradução de expressões ao pé da letra que não soa bem em Português e erros de regência verbal. Acredito que não tenho o direito de depreciar o trabalho de uma editora bastante conhecida, como a Cia. das Letras e o selo Paralela, mas, infelizmente, isso um dos pontos que enfraqueceram a recepção do texto.

No entanto, esse livro é indicado aos amantes dos livros e que reconhecem, ainda que seja uma ideia um tanto clichê, o poder transformador da leitura que atrai pessoas com gostos em comum. Afinal, pelas palavras de A.J.: “Você descobre tudo [de] que precisa saber sobre uma pessoa com a resposta desta pergunta: Qual é o seu livro preferido?”(p. 69)

Título: A vida do livreiro A. J. Fikry
Autor: Gabrielle Zevin
Editora: Paralela
Páginas: 186