Para o bem da verdade, todos sabem que livros de suspense
que prendem a nossa atenção até a última página são, na maioria dos casos,
sucesso de venda e de público.
Depois ter lido
uma maratona de livros YA (a resenha anterior, ok?), gostei de ter encontrado –
ao acaso, será? – o livro do autor suíço Joël Dicker. Confesso que fiquei
bastante animado com os comentários nas páginas que antecedem a folha de rosto
e a sinopse do livro, mas minha leitura não foi das melhores. É claro que não
quero menosprezar o trabalho de uma escrita objetiva e com diálogos fortes e
pontuais, mas a forma como o autor distribuiu o enredo me incomodou.
O enredo gira
em torno do bloqueio criativo do escritor aclamado Marcus Goldman que, passando
por essa situação, procura seu ex-professor de Literatura, amigo muito próximo e
um exímio escritor: Harry Quebert.
Quando a ossada
da jovem Nola Kellergan foi encontrada no jardim da casa do ex-professor, o
enredo começa a ganhar corpo em termos de linguagem. Muitos diálogos e
descrições precisas de cenários tipicamente interioranos dos Estados Unidos. Até
as cem primeiras páginas, o autor realmente conseguiu seguir uma linha clássica
de romances policiais. O aparecimento de evidências de assassinato e a
reconstituição do crime são pilares deste tipo de historia e, entre outros
personagens, é o próprio Marcus quem vai seguir as pistas e fisgar o verdadeiro
assassino.
Entre essa
problemática, o personagem tem a ideia, mandado por seu editor, de publicar um
livro sobre o caso que está investigando. É dentro deste mote que a narrativa
se desenvolve de uma forma bastante desnecessária. As inúmeras reviravoltas e a
historia virada, com o peso da palavra, pelo avesso nos últimos momentos, não
me agradaram muito.
Um ponto forte do livro é a polêmica
levantada pelo mercado editorial. Entre as malucas estratégias de marketing, o
editor de Goldman faz com que uma parte dos originais vazem para o público,
para desespero do escritor. Isso mostra as forças estratégicas de venda e a
espetacularização de fatos do cotidiano nos bastidores do mercado editorial.
Entre partes
desnecessárias e reviravoltas cansativas e extensas, a escrita de Dicker
consegue nos revelar os meandros da personalidade humana, seus contrapontos,
contrastes dentro de um jogo de aparências e mistérios dentro de cada
personagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostamos tanto de comentários... Comenta? =]