quinta-feira, 31 de julho de 2014

Resenha - Crime na universidade


Algumas histórias são tão legais, que queremos ter mais daquilo. Queremos saborear mais as passagens e seus personagens. Crime na universidade (Chiado, 2013, 173 p.), de Pedro Macedo, foi um destes livros. Tão bom que eu queria que tivesse mais descrições. Seu único pecado foi esse: deixar algumas situações rasas, sendo que o leitor (no caso, eu!) queria entrar mais na vida dos personagens, das situações e do ambiente.

Edward White é o novo chefe da unidade de homicídios do FBI de Nova Iorque. Para sua surpresa, logo em seu primeiro dia de trabalho, já encontra um caso, no mínimo, estranho. Com seu companheiro e fiel amigo Andrew Tobin, White vai até a residência feminina de uma Universidade, onde uma garota com cerca de vinte anos foi assassinada brutalmente. Há em seu peito a marca de uma cruz e um número desenhado em sua perna. Com toda a repercussão que o crime tivera, o local está cercado de jornalistas. Uma delas, Cameron, chama a atenção do agente White. Cameron, é uma jornalista um tanto curiosa que acaba sendo chamada para ajudar na investigação, por conter fotografias que podem ser reveladoras no caso.

Como já disse, o autor poderia ter descrito algumas situações um pouco mais devagar, com mais calma. Apesar disso, o livro me surpreendeu bastante no final, assim como são os bons livros de romance policial. Para Crime na universidade, há uma continuação, chamada O espião americano, lançado também pela Chiado editorial.

E aqui a resenha em vídeo ;)

Título: Crime na universidade
Autor: Pedro Macedo
Editora: Chiado
Páginas: 173


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Resenha - A verdade sobre o caso Harry Quebert


Para o bem da verdade, todos sabem que livros de suspense que prendem a nossa atenção até a última página são, na maioria dos casos, sucesso de venda e de público.

Depois ter lido uma maratona de livros YA (a resenha anterior, ok?), gostei de ter encontrado – ao acaso, será? – o livro do autor suíço Joël Dicker. Confesso que fiquei bastante animado com os comentários nas páginas que antecedem a folha de rosto e a sinopse do livro, mas minha leitura não foi das melhores. É claro que não quero menosprezar o trabalho de uma escrita objetiva e com diálogos fortes e pontuais, mas a forma como o autor distribuiu o enredo me incomodou.

O enredo gira em torno do bloqueio criativo do escritor aclamado Marcus Goldman que, passando por essa situação, procura seu ex-professor de Literatura, amigo muito próximo e um exímio escritor: Harry Quebert.

Quando a ossada da jovem Nola Kellergan foi encontrada no jardim da casa do ex-professor, o enredo começa a ganhar corpo em termos de linguagem. Muitos diálogos e descrições precisas de cenários tipicamente interioranos dos Estados Unidos. Até as cem primeiras páginas, o autor realmente conseguiu seguir uma linha clássica de romances policiais. O aparecimento de evidências de assassinato e a reconstituição do crime são pilares deste tipo de historia e, entre outros personagens, é o próprio Marcus quem vai seguir as pistas e fisgar o verdadeiro assassino.

Entre essa problemática, o personagem tem a ideia, mandado por seu editor, de publicar um livro sobre o caso que está investigando. É dentro deste mote que a narrativa se desenvolve de uma forma bastante desnecessária. As inúmeras reviravoltas e a historia virada, com o peso da palavra, pelo avesso nos últimos momentos, não me agradaram muito.

Um ponto forte do livro é a polêmica levantada pelo mercado editorial. Entre as malucas estratégias de marketing, o editor de Goldman faz com que uma parte dos originais vazem para o público, para desespero do escritor. Isso mostra as forças estratégicas de venda e a espetacularização de fatos do cotidiano nos bastidores do mercado editorial.

Entre partes desnecessárias e reviravoltas cansativas e extensas, a escrita de Dicker consegue nos revelar os meandros da personalidade humana, seus contrapontos, contrastes dentro de um jogo de aparências e mistérios dentro de cada personagem.






Título: A verdade sobre o caso Harry Quebert
Autor: Joël Dicker
Editora: Intrínseca
Páginas: 2014

Resenha - Retalhos

Vou confessar que nunca tinha lido uma historia em quadrinhos para adultos. No sentido maduro do enredo e não erótico, quero dizer. Nos vários vídeos de recomendações que assisti querendo conhecer esse universo, ele estava lá: Craig Thompson.

Sim, eu curti sua página no Facebook e vi inúmeras recomendações de suas obras. A mais citada de todas é Retalhos. Uma historia incrível de um casal que se conhece em um acampamento cristão e que se forma, dentre outros motivos, pelos questionamentos da vida que incluem a religião.

Pelo tamanho do livro, fiquei bastante assustado com o calhamaço de quase 600 páginas, mas, quando se tem uma boa historia diante dos olhos, é difícil recusar a leitura. Segundo fontes seguras do autor, a historia é, em grande parte, autobiográfica. Isso é bastante nítido pelo dom artístico e na dificuldade de aceitação da família do personagem.

A timidez de Craig, protagonista da historia, suas frustrações pessoais e familiares nos fazem notar sua desolação e abandono. Um rigoroso inverno é cenário da confusa vida de Raina – sua namorada – que enfrenta o divórcio dos pais.

Com um traço competente e marcante nas expressões dos personagens e na liberdade que extrapola, brilhantemente, o clássico “quadradinho” das historias, o cartunista confere um tom mais dramático com toques de romantismo que consegue fisgar um jovem leitor que pode estar vivendo as mesmas situações do protagonista.


Quando terminei a leitura dessa HQ, confesso que fiquei mais curioso para conhecer mais sobre esse universo que tem a palavra e a imagem como matérias-primas na confecção de enredos emocionantes que podem ser muito vividos por nós.


Título: Retalhos
Autor: Craig Thompson
Editora: Quadrinhos na Cia
Páginas: 582



terça-feira, 29 de julho de 2014

Amor em tempos de juventude


Uma das metas que estabeleci para este ano, foi treinar a habilidade de leitura em inglês. Sim, eu faço uma listinha de metas toda virada de ano e, para quem não sabe, leciono inglês desde o 16 anos em casa.

Pois bem, atualizando minhas leituras com a ajuda de alguns vlogs na internet, eis que me deparo com um estilo de narrativa bastante pertinente para esta atividade.

Como não poderia deixar de ser, os livros YA (young adults), ou jovens adultos que, no Brasil, usa-se infanto-juvenil para um público mais maduro são livros com esquemas narrativos bastante simples em sua maioria.

São personagens rasos, poucas descrições e muitos diálogos. Sim, até aí, alguém pergunta: o que o Inglês tem com isso? Acontece que, sendo uma historia fácil para um público mais jovem, o vocabulário e as expressões idiomáticas são utilizados de uma forma mais branda e seus temas são simples, quase clichês. Isso é dica!

Um desses temas presentes e que, independente do estilo de história, faz bastante sucesso é o amor. (ah... sim, o dia dos namorados inspirou o tema dessa resenha, vale dizer!). Esse mês comecei com livros de John Green, sucesso de vendas até agora.

É diferente seu estilo de descrever o comportamento psicológico de personagens que, através de diálogos bem pontuais, conseguem ganhar o afeto dos leitores. Não é à toa que o chororô de A culpa é das estrelas fez de Augustus um personagem bastante particular na forma de se relacionar com Hazel.


Confesso que foi um livro marcante por tocar em questões relativas ao câncer do casal, mas, mesmo assim, ainda prefiro Cidades de papel pelo texto bem humorado na caracterização do espaço físico e do toque de uma road trip no fim da narrativa. Acredito que os capítulos finais do livro ficaram um pouco cansativos devido à extensão do mistério causado pelo sumiço de Margo. Quentin segue suas pistas e descobre o amor mesmo com a falta e o desprezo sofridos por todo o enredo.

Empolgado com esse tipo de historia, na mesma semana devorei Eleanor & Park. Rainbow Rowell constrói uma narrativa vintage.

Soa clichê? Então... Os anos 1980 – voltando ao passado - serviram de pano de fundo e trilha sonora para a história do casal que se conhece no ônibus escolar. Com a dificuldade de se relacionar com os outros, a garota sofre bullying na escola por ser grande (não necessariamente gorda) e ruiva. Ela teve seu apelido cravado de red-head (cabeça vermelha) e sofreu algumas perseguições nos corredores e vestiários.

Um texto ágil e simples na descrição dos personagens que demoram – para o delírio da minha curiosidade – quase cinquenta páginas para se declararem. Confesso que me surpreendi com o final (não vou dar mais spoilers, prometo!). Triste, mas bem construído e que nos leva a refletir, mesmo que superficialmente, como o destino age sem a nossa percepção.

Fechando o mês (atrasado!, eu sei!), ainda me deparo com um livro bastante simples e que, a bem da verdade, não me surpreendeu muito: A probabilidade estatística do amor à primeira vista, de Jennifer E. Smith.

Fininho e com uma capa em que predominam os tons pastel, a autora retrata o inesperado encontro de Hadley e Oliver. Numa Nova York caótica e chuvosa, a perda do voo faz a protagonista cair no tédio no salão de embarque. É neste momento que ela conhece Oliver, um jovem inglês que consegue prender a atenção da protagonista de uma forma eficiente para deter seu medo de avião. Digamos que sete horas de voo foi o suficiente para que o garoto conseguisse fisgar o interesse da jovem.

Quando o casal recém-formado chega ao destino final, o clima de suspense fica mais forte. Um dos pontos fortes desse livro é o modo como a autora retratou o comportamento de adolescentes que sofrem com pais separados. Neste caso, a protagonista se submete ser a madrinha de casamento do pai com outra mulher. Uma situação constrangedora, no mínimo.

No entanto, o modo de narrar e a construção das sentenças do livro ainda deixam a desejar. Sabe aquela sensação de que você não entendeu o que estava escrito e volta ao parágrafo anterior? Esse é um dos problemas que o livro nos deixa perceber através de uma fraca construção de personagens que, na sua superficialidade, não conseguem se suster em termos de uma curiosidade de leitor. Ele fez isso? Não tem nada de novo e espetacular.

Além de uma capa fofa – como diriam as meninas – o livro retrata uma história de amor que, ao longo do tempo, vai se acentuando pela falta que um faz ao outro.

Volto a dizer...soa clichê, mas fala de juventude e de amor, elementos indispensáveis de histórias que conquistam leitores ao longo do tempo.

Livros citados:
Cidades de papel
A culpa é das estrelas
Eleanor & Park
A probabilidade estatística do amor à primeira vista



segunda-feira, 28 de julho de 2014

Leitura: Um caso à parte

[crônica de domingo, atrasadinha] ;)

Muitas vezes já me perguntaram o que realmente busco em um texto que estou lendo e/ou escrevendo. Embora seja uma pergunta bastante corriqueira, a resposta é tão simples como parece.

Em um país com um índice de analfabetismo bastante significativo para os tempos em que vivemos, é impressionante o modo como a leitura é tratada na vida dos brasileiros. Seja a recomendação de um livro para uma prova bimestral, um resumo ou uma leitura obrigatória para o vestibular, o texto como fonte de conhecimento está sempre em pauta. Mesmo assim, nem sempre ele tem a sua atenção merecida.

Não é novidade que a leitura faz parte do nosso ser, somos e reagimos a ela constantemente, sem nos dar conta. Manipular aparelhos eletrônicos, tirar um extrato no banco e pagar uma conta pelo computador são atividades que exigem, em graus diferentes, algum tipo de leitura ou, como querem alguns estudiosos, diferentes níveis de letramento.

É fato que o prazer de um bom texto pode variar tanto quanto os tipos de objetivos de leitura. É fácil perceber que não lemos uma bula de remédio - buscando seus efeitos colaterais - e um livro de poesias do mesmo jeito. Uma coisa são leitores e seus objetivos; outra são os tipos de texto que circulam ao nosso redor.

Sendo uma questão de hábito ou gosto pessoal, a leitura, como atividade estética - de textos literários - detém pontos especiais que particularmente nos fascinam. Perceber o modo como os personagens são construídos, as passagens de tempo e os subentendidos do texto são sempre bons pontos a serem analisados durante a leitura. Não que exista um "manual de análise literária" pronto, longe disso! Cada leitor sabe olhar o texto de uma forma singular, com olhos que carregam suas marcas e experiências de leitura, com olhos que carregam suas marcas e experiências de leituras anteriores e que, inevitavelmente, realizam a sua manutenção de ideias em suas próximas leituras.

Alguém pode questionar: mas isso é teoria! E na prática, como faz? Prova disso são comentários maldosos de leitores que se decepcionaram com alguns textos em comparações com outros, com filmes, com adaptações para os quadrinhos.

Uma coisa é fato: a linguagem, no seu potencial de sentido e propagação, é uma infinita cauda que se arrasta com o tempo. Ela traz leitores do passado aos leitores do presente e constroem, sem nada perceber, leitores do futuro.

Discursos teóricos à parte, o que nos resta, ao abrir um livro, é nos perguntar: que sentidos esse texto nos traz? Que relação posso travar com ele?

As respostas, certeiras ou não, serão obtidas com o tempo que os olhos correm pelas linhas impressas ou luminosas em busca de um sentido que se perdure ao infinito.


Resenha - [manual prático de bons modos em livrarias]


Quem nunca chegou num estabelecimento comercial e perguntou pra alguém - uniformizado e com crachá - "Você trabalha aqui?" não sabe o que é viver perigosamente, segundo este livro. [manual prático de bons modos em livrarias] (Soeman, 2013, 232 p.), escrito pela livreira Hillé Puonto - ou Lilian Dorea, como preferirem -, conta de forma divertidíssima o dia a dia de livreiros e situações pra lá de inusitadas. Com ilustrações belíssimas de Diogo Machado, prefácio de Joselia Aguiar e introdução de Nina Vieira, Hillé com sua identidade e formação jornalística (por profissão) e blogueira (por opção), enfeitiça-nos da primeira à última página.

Casos como o da senhora que jura ter uma gangue de perninhas de óculos, ou da freguesa que jura de pés juntos que o Saramago é brasileiro, são citados neste afetuoso livrinho. Digo livrinho, pois é em formato pocket. As histórias que estão lá dentro são tão incríveis, que a grande maioria é difícil acreditar que sejam verdade. Vários dos causos estão em sua página no Facebook ou em seu blog, mas ainda assim não perdem a graça.

No final do livro, a autora ainda nos presenteia com uma lista de livrarias e sebos bem legais, vários sites que tem sua temática voltada à livros, e indicações de livros que falam sobre livros. Indico muito, principalmente se está precisando de algo para sair de uma ressaca literária terrível, e quer dar boas gargalhadas.

Título: [manual prático de bons modos em livrarias]
Autor: Lilian Dorea
Editora: Soeman
Páginas: 232


sábado, 26 de julho de 2014

Resenha - Paixões


Quando peguei este livro para ler, já sabia o que eu poderia esperar de suas histórias. Afinal, foi uma indicação da Isa, do canal LidoLendo, e no vídeo, ela já contava mais ou menos como seriam as histórias. Mas ainda assim, achei uma história mais incrível que a outra. Paixões (Pocket Ouro, 2005, 222 p.) é uma reunião de artigos que Rosa Montero escreveu para o jornal El País e reuniu neste pequeno livro. Ao todo são 18 casais que têm sua vida exposta a nós, leitores.

Com seu faro jornalístico, Rosa destrincha cenas pessoais de casais como John Lennon e Yoko Ono, Oscar Wilde e lorde Alfred Douglas, Evita e Juan Perón. A cada história, ficamos mais assustados - e até mesmo, mais maravilhados - com toda a paixão que tinham nos relacionamentos amorosos. É como um livro de fofocas. Confesso que leria mais e mais sobre a vida de cada um dos protagonistas. Aliás, no final do livro, a autora deixa de presente toda a bibliografia utilizada para pesquisa dos artigos.

Um livro que vale muito a pena ser lido, para que depois façamos mais pesquisas. É interessante o modo como Rosa Montero revela cada situação. É muito sutil em umas partes e irônica - até demais - em outras. Uma leitura rápida e bem agradável.

Título: Paixões
Autor: Rosa Montero
Editora: Pocket Ouro
Páginas: 222



domingo, 20 de julho de 2014

Resenha - O grande livro das pessoas sem nome


Repito: livros sempre deixam alguma sensação em nós. E seja ela ruim, boa, atormentadora ou mesmo aliviadora, nunca é uma sensação em vão. O grande livro das pessoas sem nome, de Leandro Soriano Marcolino (Clube de autores, 2013, 162 p.) eu realmente não sei qual sensação deixou em mim. Fiz algumas marcações, como de praxe. Existem ótimas frases de efeito, e ótimas reflexões. É um livro de contos, onde nenhum personagem tem um nome. E é exatamente assim que corre nossa vida: pessoas passando por ela, pessoas totalmente sem nome a nós, desconhecidos. E são situações corriqueiras - apesar de, no livro, ele citar várias situações um tanto impossíveis de acontecer no mundo real.

Existe um homem que não é mais reconhecido por ninguém. Existe um casal desconhecido, que se encontra num trajeto para casa, e dali não poe passar o relacionamento deles. E existe um amuleto. Ah, esse amuleto me irritou profundamente. E aqui fica minha mais profunda crítica (decepcionada, mas ainda uma crítica): não precisa gastar nove páginas somente com um símbolo japonês que eu não sei o que quer dizer. Sim, nove páginas somente com o símbolo. Muitas pessoas chamam isso de arte. Mas eu, particularmente, não gostei. E pronto.

Ainda assim, fiquei curiosa com o outro livro do autor, "Vida", publicado em 2010 pela editora Biblioteca 24X7. Mais uma vez, repito: muitas pessoas gostam, acham que é arte contemporânea (ou coisas do tipo), mas eu realmente não consigo ser conquistada por este tipo de obra.

Título: O grande livro das pessoas sem nome
Autor: Leandro Soriano Marcolino
Editora: Clube de autores
Páginas: 162 p.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Resenha - Memórias de julho


Livros geralmente nos trazem sensações diferentes, um do outro. Este último que li trouxe-me acima de tudo, um sentimento de nostalgia. E foi um sentimento tão bom, que fazia tanto tempo que eu não sentia, que foi um prazer lê-lo do começo ao fim. O livro Memórias de Julho, de Jéssica Figueiredo (Clube de autores, 2014, 365 p.) é uma publicação independente. Mesmo com sua páginas brancas (o que na teoria incomoda os leitores a ler na luz do sol), eu o devorei. Até me esqueci do incômodo, de tão boa que a história era.

Marcos é o protagonista, narrador e um dos personagens mais cativantes. Há também Mila, Mari, Juan e Lucas - e Rói-Rói, o cãozinho. Estes cinco amigos sempre se encontram no mês de julho para brincar numa cabana que montaram. E decidiram que todos os anos iriam tirar uma foto com todos os membros do grupo e colocar estas fotos dentro de um baú. Junto com as fotos, sempre guardavam um desejo. Sabemos que uma hora ou outra, cada um vai para um lado, e os amigos acabam tendo de se separar. E foi isso que aconteceu. Depois de certo tempo, Marcos quer rever os amigos por causa de sonhos que têm incomodado suas noites, sempre no mês de julho. Para isso, precisará da ajuda dos pais e da irmã Júlia.

A única crítica que eu teria, já fiz diretamente à autora: alguns probleminhas com pontuação/ortografia. Como uma publicação independente, entendemos os equívocos.  E ela até já se atentou a isso, contratando uma pessoa para revisar seus textos. Jéssica é uma autora bem nova: 20 aninhos. Mora em Recife, o local onde se passa a história. Indico muito a leitura. É simplesmente encantadora.

Para quem quiser, pode adquirir diretamente deste site. Você pode adquirir como e-book ou livro físico.

Título: Memórias de julho
Autor: Jéssica Figueiredo
Editora: Clube de autores
Páginas: 365


terça-feira, 8 de julho de 2014

Resenha - As vantagens de ser invisível


Muitos amam, muitos odeiam. Eu fico em cima do muro. Há muitas reflexões interessantes, porém, há muitos fatos desinteressantes. As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky (Rocco, 2012, 224 p.) é um livro escrito para jovens. Charlie escreve cartas para um amigo - ou conhecido - oculto. Não sabemos quem ele é, e nem se realmente é alguém. Conta sua vida cotidiana durante quase um ano (faltando dois dias para completar os 365 do ano). Charlie está indo para o primeiro ano do Ensino Médio. É um garoto muito retraído, e conhece Sam e Patrick. Os dois estão no terceiro ano e logo irão para a faculdade. Junto desses amigos, descobre uma vida nova. Temas sérios como drogas, sexo, homossexualidade, aborto são abordados de uma forma bem tranquila. Tranquila demais, eu diria.

Com várias passagens um tanto hilárias, Chbosky consegue passar ao leitor como seria a vida de um jovem entrando na adolescência e fazendo suas descobertas pessoais acerca dos temas acima citados. Coisa que achei altamente relevante no livro foram as citações de livros e músicas. Como a história é passada na década de 90, temos Smiths, The Beatles e U2.

Bem, um livro para passar o tempo, eu diria. Ou melhor: um livro para ser apresentado aos jovens que não gostam tanto de leitura. Afinal, traz reflexões, e é escrito de maneira leve.


Título: As vantagens de ser invisível
Autor: Stephen Chbosky
Editora: Rocco
Páginas: 224

Resenha - Se arrependimento matasse


Êêê, finalmente resenha nova! haha
Alex, Alice e Rebeca são três amigos que há muito não se encontravam. Alex é filho de donos de um hotel e leva Alice (que é um homem rs) e Rebeca para que passem alguns dias, relembrando os velhos tempos. Alice é um mocinho muito simpático e paciente, Alex é um tanto explosivo e Rebeca demonstra ser um pouco mimada. Mesmo com a diferença de características, os três se dão super bem, e acabam dando boas risadas juntos.

Chegando ao hotel, são recebidos pelos funcionários. Jantam com outros hóspedes, jogam cartas e vão para seus quartos descansar. A energia tem uma queda - e é uma noite chuvosa. É quando o pai de Alex os chama, dizendo que é com urgência que devem se dirigir à cozinha. Chegando lá, encontram Victor, o cozinheiro, morto com uma facada no pescoço. Diante de tal fato, somado com a tempestade e as linhas de telefone cortadas, os três amigos e demais hóspedes ficam ilhados em um hotel, onde nada nem ninguém parece ser confiável.

O livro Se arrependimento matasse, do jovem autor Alma Cervantes (Novo Século, 2013, 240 p.) foi um dos melhores livros policiais que li recentemente. Bem no estilo Agatha Christie, o autor desfia seu romance de um modo um tanto calmo. Não se apressa em nenhuma parte, respondendo à todas as questões. Aguardo, com certeza mais livros do autor.


Título: Se arrependimento matasse
Autor: Alma Cervantes
Editora: Novo Século
Páginas: 240

Quem quiser comprar o livro, veja diretamente na página do Facebook, clicando aqui.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Resenha - Quem vai decifrar o Código Leonardo?


Quem procura aventura, ação e muito, muito mistério... Não leia este livro. Quem vai decifrar o Código Leonardo? é um livro categorizado como "aventura" (Ática, 2009, 110 p.), do autor Thomas Brezina. Particularmente, achei um modo de contar um tanto cansativo. A ideia do autor é bem interessante: como um livro juvenil (ou infanto-juvenil), Thomas interage muito com o leitor.

Numa viagem (excursão da escola) até um museu, o personagem principal (você, o leitor) segue até uma sala "secreta" e tem uma viagem incrível ao tempo de Leonardo da Vinci. Para sair de lá precisa descobrir um código e sair das garras de dois vilões, com a ajuda de um professor e de um "amigo" (digo amigo entre aspas, pois o pestinha gosta de passar a perna em você). Junto com o livro, vem um envelope contendo um espelho, o "livro dos enigmas" (livrinho que deve ser lido com o espelho), e um cone de montar, para desvendar mais mistérios da história.

Fora a parte chata, que é o modo como o escritor descreve as cenas, há a parte interessante. Existe no livro uma série de informações sobre Leonardo da Vinci e suas obras e técnicas de pintura da época. Suas outras invenções também são mostradas no livro, com ilustrações belíssimas. No final há uma relação das ilustrações, com nomes e datas descritos.

Título: Quem vai decifrar o Código Leonardo?
Autor: Thomas Brezina
Editora: Ática
Páginas: 110


quarta-feira, 2 de julho de 2014

Resenha - O quarto fechado


Alguns livros são tão bons que qualquer palavra dita além dele, é desnecessária. Assim acontece com O quarto fechado(Siciliano, 1984, 133 p.), da autora brasileira Lya Luft. Apesar de suas poucas páginas, demorei um bom tempo pra ler (cerca de uma semana), pela sua escrita densa e cheia de significados. Sua história gira em torno do falecimento de um dos filhos de Renata, a personagem principal. Camilo (o filho falecido) é gêmeo de Carolina. Renata é uma mulher um tanto agressiva com a vida: amarga, carrega mágoas passadas, sofre com o amor que não consegue dar a ninguém - somente ao piano que não toca há anos. Camilo e Carolina têm uma relação um tanto estranha: é como se ao nascer tivessem sido separados, sendo antes um único ser.

Se no parágrafo anterior falei somente sobre personagens e sobre nada da história do livro, é isto mesmo que você encontrará. Histórias de personagens. Cada um com suas preocupações, suas paranoias, suas esquisitices, comuns de todo ser humano. É um livro tocante, verdadeiro, real, e tão real a ponto de dar vergonha. A cada frase, Lya resume em pouquíssimas palavras sensações que temos, aquelas bem do fundo da alma, que temos vergonha de confessar a qualquer pessoa.

Comparada a Clarice Lispector muitas vezes, a autora gaúcha é uma das mais femininas da atualidade (femininas, e não feministas), e fala com propriedade de temas tabus. Autora de vários romances, livros de contos e colunista da revista Veja, Lya, para mim, é a autora mais espetacular ainda viva.

Título: O quarto fechado
Autor: Lya Luft
Editora: Siciliano
Páginas: 133