segunda-feira, 28 de julho de 2014

Leitura: Um caso à parte

[crônica de domingo, atrasadinha] ;)

Muitas vezes já me perguntaram o que realmente busco em um texto que estou lendo e/ou escrevendo. Embora seja uma pergunta bastante corriqueira, a resposta é tão simples como parece.

Em um país com um índice de analfabetismo bastante significativo para os tempos em que vivemos, é impressionante o modo como a leitura é tratada na vida dos brasileiros. Seja a recomendação de um livro para uma prova bimestral, um resumo ou uma leitura obrigatória para o vestibular, o texto como fonte de conhecimento está sempre em pauta. Mesmo assim, nem sempre ele tem a sua atenção merecida.

Não é novidade que a leitura faz parte do nosso ser, somos e reagimos a ela constantemente, sem nos dar conta. Manipular aparelhos eletrônicos, tirar um extrato no banco e pagar uma conta pelo computador são atividades que exigem, em graus diferentes, algum tipo de leitura ou, como querem alguns estudiosos, diferentes níveis de letramento.

É fato que o prazer de um bom texto pode variar tanto quanto os tipos de objetivos de leitura. É fácil perceber que não lemos uma bula de remédio - buscando seus efeitos colaterais - e um livro de poesias do mesmo jeito. Uma coisa são leitores e seus objetivos; outra são os tipos de texto que circulam ao nosso redor.

Sendo uma questão de hábito ou gosto pessoal, a leitura, como atividade estética - de textos literários - detém pontos especiais que particularmente nos fascinam. Perceber o modo como os personagens são construídos, as passagens de tempo e os subentendidos do texto são sempre bons pontos a serem analisados durante a leitura. Não que exista um "manual de análise literária" pronto, longe disso! Cada leitor sabe olhar o texto de uma forma singular, com olhos que carregam suas marcas e experiências de leitura, com olhos que carregam suas marcas e experiências de leituras anteriores e que, inevitavelmente, realizam a sua manutenção de ideias em suas próximas leituras.

Alguém pode questionar: mas isso é teoria! E na prática, como faz? Prova disso são comentários maldosos de leitores que se decepcionaram com alguns textos em comparações com outros, com filmes, com adaptações para os quadrinhos.

Uma coisa é fato: a linguagem, no seu potencial de sentido e propagação, é uma infinita cauda que se arrasta com o tempo. Ela traz leitores do passado aos leitores do presente e constroem, sem nada perceber, leitores do futuro.

Discursos teóricos à parte, o que nos resta, ao abrir um livro, é nos perguntar: que sentidos esse texto nos traz? Que relação posso travar com ele?

As respostas, certeiras ou não, serão obtidas com o tempo que os olhos correm pelas linhas impressas ou luminosas em busca de um sentido que se perdure ao infinito.


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